Novos amigos em Dubai

(Texto escrito no Aeroporto de Dubai, 16 de março de 2011 e publicado em Xangai) 



Henk, Audy e Sonja no Jureimah Beach Hotel 

  Chegar numa cidade e poder encontrar com alguém que nos foi apresentado mesmo que virtualmente é sempre uma grande alegria. No ano passado a minha ex chefe, a Cônsul Rinske van den Brink, havia me apresentado  para o primo dela,  o Henk Mol que mora em Dubai. Trocamos alguns emails e como cheguei lá na época da Copa do Mundo e o Henk estava ora viajando para a África do Sul ora para a Holanda para acompanhar os jogos dos Holandeses não foi possível nos encontrarmos.

Nesta viagem liguei para o Henk no dia seguinte a minha chegada em Dubai . Para a minha surpresa, o Henk que é extremamente amigável e excelente anfitrião, decidiu trabalhar só algumas horas na manhã do dia 15 de março e passar o resto do dia passeando comigo por Dubai. Nada como conhecer a cidade com alguém que já vive lá há mais de 8 anos!

Para evitar constrangimentos, assim que nos encontramos falei para ele o quanto eu não gosto de shopping e que preferia  conhecer o outro lado da cidade, longe do luxo e ostentação dos hotéis e do paraíso das compras. Então fomos até o porto para conhecer as embarcações dos pescadores e também os barcos maiores que levam mercadorias para o Irã e outros países próximos. Andando pelas pedras próximas ao cais descobrimos uma quantidade enorme de pães, broas e bolinhos todos espalhados no chão e secando ao sol. Estes pães são usados pelos pescadores como isca. Gostaria de saber qual a origem dos mesmos, mas ninguém ali falava inglês para nos explicar.

 


Porto de Dubai

 

Pães que serão usados como isca

Visitamos o “ spice souk” que eu já conhecia, mas como gosto muito dos aromas e cores dos mercados populares fui de novo. Adoro ver os inúmeros e exóticos temperos que são vendidos pelas ruas estreitas do mercado. Em uma das cestas vi pedras de “índigo” que servem para tingir roupas. Não resisti e cantei para o Henk a música do Gilberto Gil – Índigo Blue!  

Pedras - índigo

Os temperos e chás dos Emirados Árabes



Muitos temperos e aromas deliciosos



Eu, me divertindo no Spicy Souk

No final da tarde fomos fazer um lanche no Yacht Club de Dubai e passeamos pela praia. É claro que é luxuoso como qualquer lugar nesta cidade que necessariamente tem que se enquadrar no padrão de um hotel 5 estrelas. Mais tarde passamos na casa do Henk para buscar a Sonja, a irmã dele que eu já havia conhecido durante o dia e que iria jantar conosco no Jumeirah Beach Hotel.

 O Henk é engenheiro e trabalhou nos projetos de muitos prédios e hotéis construídos aqui. Assim que  ele chegou em Dubai fez parte da equipe de projetistas que construiu o Jumeirah Beach Hotel, o primeiro hotel de luxo de Dubai. Este Hotel está localizado em frente ao mar e é todo cercado por lagos. Há pequenas pontes como as de Veneza para se atravessar os lagos quando estes se estreitam propositalmente para ficarem ainda mais charmosos. Se o visitante preferir, pode-se tomar um barquinho parecido com uma gôndola para se chegar a um dos muitos restaurantes do hotel.   

Restaurante do Hotel Jumeirah Beach



Durante o jantar fiquei sabendo de mais algumas extravagâncias que só acontecem em Dubai e Abu Dhabi. No Natal do ano passado, por exemplo, eles que não são católicos e não celebram o Natal, resolveram fazer uma imensa árvore natalina dentro de um Hotel 5 estrelas em Abu Dhabi. Obviamente esta não seria uma árvore de Natal comum, pois alguém teve a idéia de que seria a árvore de Natal mais cara do mundo. Isso mesmo, resolveram decorar toda a árvore somente com jóias,  diamantes, rubis, uma grande variedade de pedras preciosas, relógios, correntes de ouro que no total custou  9 milhões de Euros a decoração. Mais um recorde para o Guiness Book que só Dubai ou Abu Dhabi é capaz de conseguir.

Os bares dos hotéis são os poucos lugares onde é permitido fumar e beber a vontade na cidade. Para atrair a presença feminina nestes bares, a moda agora em Dubai é a “ Ladies Night”, ou seja, todas às terças-feiras as  mulheres podem beber a vontade, inclusive champagne e não pagam nada pelo que for consumido. 

A criminalidade relacionada a violência urbana é praticamente inexistente. É considerado crime sério dever para o Sheik ou qualquer credor. Se uma pessoa não honrar os seus compromissos financeiros referente a qualquer quantia será denunciada e presa. O tempo na prisão varia dependendo do crime entre 3 meses a 1 ou 2 anos de reclusão. Assim que o infrator for solto imediatamente todas as suas dívidas estarão quitadas.

Nos caixas eletrônicos de Dubai é possível sacar em um posto de gasolina, por exemplo, de uma única só vez o equivalente a R$ 10.000,00. Para mim isso tudo não passa de um mundo onde o consumo desenfreado do luxo serve de alavanca para suprir o tédio da vida no deserto.

O nosso jantar bastante alegre e divertido acabou muito tarde. Cheguei ao hotel de madrugada e tinha apenas duas horas para dormir antes de sair para o tão esperado passeio de balão.   

Ao fundo o Hotel Burj Al Arab, o mais caro do mundo





O Burj Al Arab visto do Jumeirah Beach Hotel