quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ruínas da Muralha na Mongólia Interior

Vilarejo na Mongólia Interior
Existe um provérbio  muito  respeitado pelos chineses que diz o seguinte:

"Aquele que nunca foi à Grande Muralha não é um verdadeiro Homem"!

Acho que este provérbio faz ainda mais sentido quando se anda pelas edificações ou ruínas da  Grande Muralha de China. Já visitei quatro secções diferentes da Muralha, cada uma delas construídas há mais de mil anos durante a dinastia Ming. Quando estava em Datong, falei para a minha guia, a Li Rutian, do meu grande interesse em conhecer outras partes da Muralha. Ela me disse que há cerca de 100km de Datong havia ruínas da Muralha na região da Mongólia Interior, porém, esta parte da Muralha era de difícil acesso e não estava aberta ao público. Como eu já tinha ouvido muito "não pode ou não é possível" durante a viagem, resolvi insistir mais uma vez na esperença de que o meu pedido fosse atendido. É claro que depois de muita conversa e de concordar em pagar um custo elevado pelo passeio, consegui marcar a minha ida à Mongólia Interior para visitar as ruínas da Muralha naquela região extremamente fria e isolada no norte da China.
Era preciso organizar toda uma logística para irmos até Zhenchuankou na província de Shanxi, uma vez que ninguém da agência conhecia a região. Para facilitar a nossa ida, contrataram um motorista que já tinha estado lá e se chamava Wu. Uma guia que morava num dos vilarejos pelo qual iríamos passar, a Tong Guanhua, que não falava inglês mas conhecia o caminho para se chegar até as ruínas da Muralha. A gerente da agência CITS (China International Travel Service), Liu Huifeng decidiu ir junto para garantir a minha segurança. Chamaram também a Li Rutian, que tinha sido a minha guia no Templo Suspenso e agora iria desempenhar a função de tradutora porque ela também não conhecia nada da região e era a única pessoa que falava inglês no grupo.
Eu e a Liu Huifeng da CITS que autorizou a aventura 
Tang Guanhua, a guia local de jaqueta preta, eu e a Li Rutian

Viajamos durante horas por estradas estreitas, de vez em quando se avistava  vilarejos no meio de uma região extremamente remota. Não havia nenhuma vegetação devido ao inverno rigoroso, apenas uma paisagem seca e empoirada cortada pelo branco dos rios congelados. 
Não é fácil dirigir pelas estradas da Mongólia interior, mesmo para o Wu que sempre viveu nesta região. 

Paramos no vilarejo de Deshengpu para visitar as ruínas de um forte  e também para ver o que restou da Muralha nesta região.
Muitos tijolos da Muralha foram retirados pelos moradores para construir as suas casas. O que restou da Muralha é apenas o muro construído de barro e pedras.

As ruínas da Muralha construída há mais de 600 anos. 

Mesmo com um dia ensolarado e céu azul, o frio e o vento cortante faziam com que eu caminhasse pelas ruínas sem sentir os meus pés congelados. A terra seca e as pedras escorregadias nos fazia andar lentamente, apreciando ainda mais aquela paisagem tão singular.
A Liu Huifeng havia organizado o nosso almoço na casa de uma família do vilarejo de Zhenbianbu. Esta casa é o local que os ciclistas que fazem o percurso saindo de Datong até o vilarejo almoçam. Encontramos alguns pelo caminho.
A casa, muito simples, tinha apenas um cômodo com luz elétrica, telefone e não havia água encanada.  A água estava armazenada numa espécie de tambor de plático. A pequena mesa na qual foi servida a comida ficava em cima da cama do casal que era aquecida pelos canos de ferro ligados ao fogão. Para cozinhar havia apenas uma espécie de tacho no qual toda a comida era feita e a louça lavada. 


Verdura descongelando e congelada ao ar livre.

Depois do almoço descansamos um pouco na cama quentinha que tinha servido de banco para a nossa refeição. A Li Rutian até tirou uma soneca, aliás, ela era muito sedentária e passar dois dias andando comigo não foi uma tarefa fácil para a coitada. Era visível o cansaço dela. Nos despedimos da família que gentilmente nos recebeu e começamos o nosso longo caminho de volta.



  

2 comentários:

  1. Uau, que lugar longínquo... que fim de mundo, no bom sentido!!! imagino a temperatura ui, mas que aventura, adorei. Saudades, bjs, Vâ (estou em casa atestada 3 dias, infeccao respiratoria huahahuha)

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  2. Que interessante o que você fez... Não só conheceu um lugar "além turístico", como também deve ter aprofundado um pouquinho mais no seu conhecimento sobre os chineses, entrando tão em contato assim com o que é deles. Curti. hehe
    E lindas fotos!

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