Montagu, uma pequena cidade na rota dos vinhedos, dista 200 km
da Cidade do Cabo.
Viajei para lá na quinta-feira 27 de novembro de 2014 com a
minha amiga Alba. A rodovia, em excelente condições, é cinematográfica. As fotos a seguir eu tirei da janela do carro cuja
velocidade variava entre 80 e 100km/hora.
Muitos babuínos nas laterais e também cruzando a pista.
Nesta é época do ano a colheita do damasco aqui na África do
Sul já está quase no final. Em Montagu, uma loja que vende uma grande variedade
de produtos também oferece aos clientes a oportunidade de colher os damascos do
pomar dos proprietários. O preço do quilo de damasco para quem fizesse a
colheita era quatro rands, ou seja, um pouco menos de um real por quilo.
A dona da loja, ao tomar conhecimento que eu era brasileira,
pediu para eu colocar um alfinete no mapa indicando a minha origem. Todos
os estrangeiros que visitam a loja são convidados a deixar no mapa um registro da sua passagem por ali.
Para minha
surpresa eu fui a primeira brasileira a marcar o mapa e também a primeira latino americana a visitar a loja. No mapa havia muitas indicações de países europeus e asiáticos. Na plaqueca em frente ao mapa está escrito " uma refeição sem vinho chama-se café da manhã". Na região dos vinhedos bebe-se vinho quase na mesma proporção que água.
Eu nunca tinha visto um pé de damasco, uma das frutas que
adoro. No Brasil o damasco é comercializado geralmente como fruta seca, não é
comum encontrá-lo in natura nos supermercados.
Nós colhemos 18 quilos
de damasco. Para ser sincera minha amiga colheu a maior parte porque eu estava tão
fascinada com as frutinhas que mais observava e fotografava do que colhia. Enquanto colhia os damascos pensei na colheita de laranjas que eu tinha participado no Rio Grande do Sul em setembro. Há muitas diferenças entre colher damascos e laranjas, uma das mais significativas é que não tem flores nos pés de damasco e nem o aroma da fruta que é tão presente nas laranjeiras.
http://audmara.blogspot.com/2014/10/a-colheita-de-laranjas-no-rio-grande-do.html
No sábado 29 de novembro de 2014, fizemos a geleia de
damasco que é muito popular aqui na África do Sul.
A receita é passada de geração em geração. Segundo a tradição, muitos sul africanos descendentes europeus ainda hoje fazem a geleia que irão consumir durante o ano. Esta é mais uma das muitas semelhanças entre a província do Cabo Ocidental e o sul do Brasil. Minha mãe também sempre fez as geleias, que no sul chamamos "chimia" para nós comermos.
O primeiro passo é cortar os damascos ao meio e retirar o
caroço. A casca deve ser mantida. Em seguida lavá-los somente com água fria.
Numa panela funda colocar para cada quilo de damasco um
quilo de açúcar e cerca de 120 ml de água fria. Adicionar um pedacinho de
gengibre e um caroço do damasco. Nas fotos acima e abaixo havia um pouco menos de quatro
quilos de damascos na panela.
Cozinhar com temperatura alta até começar a fervura e mexer levemente
sem parar.
Aos poucos os damascos vão se dissolvendo e o cozimento deve
ser feito numa temperatura branda.
Quando a geleia esta quase pronta, uma espuma fina aparece na
panela e esta deve ser retirada com uma colher.
Para testar se a geleia está no ponto é preciso colocar uma
pequena porção num prato e inclinar o mesmo para ver se está cremosa.
Foram quase duas horas cozinhando e mexendo sem parar as
panelas até que a geleia ficasse pronta.
Nós fizemos geleia de seis quilos de damasco e o produto
final ficou maravilhoso.
Agradeço imensamente a minha Alba por ter me ensinado
a fazer a geleia e por ter me proporcionado a deliciosa experiência de colher
damascos em Montagu.
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