quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mergulhando com os tubarões no meu aniversário

Costumo comemorar o meu aniversário fazendo alguma ação social em orfanatos, casa abrigo para pessoas portadoras de doenças, hospitais ou organizo algum evento para angariar fundos em prol de pessoas menos favorecidas. Acredito que ajudar os outros é a melhor maneira de agradecer todas as oportunidades que já tive na minha vida. Dividindo alegrias multiplicamos sorrisos.
Atualmente estou morando na África do Sul. Decidi que este ano comemoraria a chegada dos meus 43 anos fazendo algo inusitado. Pesquisei as inúmeras opções de passeios e atividades que são oferecidas aos visitantes e escolhi para o grande dia mergulhar com tubarões brancos.
Os barcos que levam os mergulhadores para o mar saem de Gansbaai, uma vila de pescadores que fica cerca de 200 km da Cidade do Cabo. As operadoras de turismo oferecem além do mergulho o transporte até Gansbaai. Eu fui de carro com os meus amigos Alba e André que fizeram questão de me levar para que eu conhecesse uma estrada linda que corta as montanhas e segue margeando o mar. Saímos de Strand ás 9h00, no dia 16 de dezembro de 2014, céu azul sem nenhuma nuvem e muito sol.
Paisagens exuberantes e vilarejos por todo o percurso.
Ao chegar em Gansbaai fui até o escritório da empresa SharkLady  encontrar com as pessoas do meu grupo. Primeiramente nos foi oferecido um lanche enquanto assinávamos os formulários declarando que estávamos cientes do risco de mergulhar com tubarões.  Em seguida um guia nos explicou os procedimentos de segurança e como se comportar dentro da gaiola. Felizmente não estava ventando muito e a nossa saída não havia sido cancelada. Na região do Cabo Ocidental venta bastante e muitas atividades são canceladas em função dos ventos fortes.  Se o passeio for cancelado por causa dos ventos, normalmente é oferecido uma nova data ou reembolso do valor pago.
No barco que eu estava havia apenas 11 mergulhadores e seis nacionalidades. Eu do Brasil, uma menina da Namíbia, uma da Holanda, duas alemãs, um australiano e cinco sul-africanos da Cidade do Cabo. O barco era pequeno com capacidade máxima para 18 passageiros mais a tripulação. Fomos divididos em três grupos uma vez que a gaiola comportava cinco pessoas. O meu grupo seria o primeiro a mergulhar.
Saímos do porto de Gansbaai ás 13h30 e o mar estava bastante agitado e o barco parecia saltitar de tanto que balançava. Navegamos durante 15 minutos em alta velocidade até chegar próximo a uma baía para mergulhar com os temidos tubarões brancos.
Assim que o barco foi ancorado, a gaiola foi lançada ao mar com uma bola vermelha para atrair a atenção dos tubarões brancos que também nadam na superfície. 
Um dos tripulantes do barco começou a jogar na água peixes misturados com sangue para atrair os tubarões, enquanto outro arremessou uma corda com as iscas, no caso duas cabeças grandes de peixe.
Demorou cerca de uns vinte minutos para que os primeiros tubarões começassem a nadar em volta do barco.
Como eu fazia parte do primeiro grupo que ia entrar na gaiola, já tinha vestido toda a parafernália para mergulhar, só faltava colocar a máscara. A roupa era bastante grossa e as botas confortáveis. A gaiola já estava amarrada na lateral do barco e começamos a entrar naquela estrutura de ferro muito estranha. Apesar das roupas adequadas para o mergulho e ser verão na África do Sul, as águas do Oceano Atlântico estavam geladas demais para mim.
Eu não conseguia segurar na barra submersa por mais do que alguns segundos porque minhas mãos congelavam. Então o jeito for agarrar firme as grades do topo da gaiola que ficavam fora da água. Dentro da gaiola há uma barra de segurança que indica o limite que os pés podem atingir, mas é preciso prestar muita atenção para não ficar com nem um dedinho para fora da gaiola porque a probabilidade de ser engolido por um tubarão é real.  A maior parte do tempo ficamos com a cabeça fora da água, o mergulho só acontece quando um tubarão se aproximava da gaiola. Neste momento o guia grita a direção que o bicho está vindo para que se possa mergulhar e ver o tubarão bem pertinho. A sensação que tive foi de uma experiência única, diferente de tudo o que já fiz. Não senti medo dos tubarões porque oficialmente eles não teriam como nos atacar, mas não é muito confortável estar dentro da água cercada por tubarões. Cada grupo permanece cerca de 30 minutos dentro da gaiola.
Saí da gaiola feliz por vivido uma experiência tão singular e também tremendo de frio. Como o barco era pequeno e ventava bastante, balançava sem parar. Logo percebi que mesmo tendo tomado um remédio antes do embarque iria passar mal. Já tinha feito algumas fotos dos tubarões e resolvi guardar a minha máquina fotográfica. Não demorou muito e comecei a enjoar.
Lamento não ter conseguido fotografar melhor os tubarões brancos que se aproximavam do barco o tempo inteiro. Em um determinado momento o tripulante não conseguiu puxar a isca a tempo e o tubarão pegou a cabeça do peixe. Foi um golpe certeiro , parte da cabeça do tubarão estava para fora da água e pude ver seus dentes afiados e sua boca gigante engolindo a isca. Em outro momento o tubarão parecia estressado e deu uma rabada na gaiola tão forte que parte do barco ficou molhado.
O tubarão branco é o maior de todas as espécies, chega a medir 6 metros de comprimento e pesar mais de duas toneladas.  É capaz de engolir 14 quilos de carne com uma única mordida.  Apesar de ser chamado de tubarão branco, seu dorso é cinza e só o peito é branco.


Na África do Sul a principal atração turística são os safáris e em seguida o mergulho com tubarões. Eu ainda não fiz um safári porque estou aguardando o meu irmão chegar aqui para fazermos juntos. O safári é o presente que ele me deu de aniversário! Sem dúvida este ano a comemoração do meu aniversário teve tudo o que eu adoro: viagem e aventura! 

6 comentários:

  1. Uma experiência incrível Fe!
    Beijos,
    Audy

    ResponderExcluir
  2. Audy, que coragem!!!!!! Os tubarões ficam chicoteado na gaiola mesmo??? ou eles só olham e vão embora? Bjos!!!

    ResponderExcluir
  3. Re,
    Não dá para prever o humor dos tubarões, há situações que eles chegam a morder as laterais da gaiola. O guia me disse que ás vezes eles saltam no ar bem na frente do barco. Eu comprei o DVD da minha aventura e veio outro junto com imagens incríveis dos tubarões. Quando eu voltar para o Brasil precisamos nos encontrar para você ver... é de arrepiar!
    Beijos,
    Audy

    ResponderExcluir
  4. Oi! Conheci seu blog hoje e achei super legal!
    Como você consegue visitar tantos lugares? Gostaria que fizesse um post sobre sua vida profissional. O que vc faz aí na Africa do Sul?
    Parabéns por tudo. Feliz 2015!

    ResponderExcluir
  5. Olá Luciana,

    Grata pelo seu comentário e aproveito para pedir desculpas por não ter respondido antes.
    Eu AMO viajar e faço o possível para poder conhecer lugares incríveis ao redor do mundo. Tenho uma vida bastante simples, economizo o máximo que posso para viajar. Não compro nada que acho supérfluo, não compro coisas por impulso e nem frequento lugares caros porque está na “moda”. Para mim o mais importante é viajar, é o que me faz FELIZ.
    Muitas vezes as pessoas não se dão conta do quanto gastam com coisas que são totalmente desnecessárias ou que podem ser substituídas por outras mais em conta. Vou dar um exemplo banal: quando eu tinha uns 27 anos costuma fazer as minhas unhas das mãos e dos pés num salão bem bonito no Itaim Bibi, ficava pertinho do local que eu trabalhava. Um dia fiz a conta do quanto eu gastava por ano para fazer as minhas unhas. Sabe o que eu descobri? O valor era suficiente para pagar uma viagem de uma semana para o nordeste em baixa temporada. Nem precisa dizer que nunca mais fui ao salão fazer as minhas unhas. Isso não teve um grande impacto na minha vida porque também não gosto dos salões de beleza e do teor das conversas desses lugares. Além disso, eu mesma posso fazer as minhas unhas, se quiser.
    Sem dúvida uma das coisas mais importantes que aprendi na Universidade foi a relação “custo-benefício” e procuro aplicar em tudo o que faço seja na minha vida profissional ou pessoal. Sou formada em Comércio Exterior e pós-graduada em língua portuguesa. Já trabalhei com importação, exportação, transporte internacional, fui garçonete em Londres, professora de inglês e português para estrangeiro. Nos últimos 9 anos trabalhei em dois Consulados atuando para os governos de um país Africano e outro Europeu. Este ano decidi largar o mundo da diplomacia e me demiti do meu trabalho. Foi uma decisão radical que é preciso ter muita coragem para tomar, mas eu sempre acreditei em mim mesma e por isso estava preparada para as consequências da minha decisão. Acho que nada pior do que a ilusão de continuar a fazer algo que só me atormentava e sem perspectivas futuras.
    Não estou trabalhando no momento. Vim para a África do Sul passar três meses aqui a convite de uma amiga sul africana. Existe a possibilidade de eu desenvolver um projeto de turismo futuramente.
    Aluguei o meu apartamento em São Paulo e com a diferença entre a paridade do real brasileiro e do rande sul africano consigo me manter aqui sem trabalhar. Estou contente com a escolha que fiz. Retornarei ao Brasil em fevereiro de 2015.
    Abraços,
    Audy

    ResponderExcluir