quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Jantar às cegas



Participei ontem, 29 de novembro de 2017, de um jantar às cegas na Mercearia do Francês, no bairro de Higienópolis em São Paulo.  O jantar tinha parte da renda revertida para o CADEVI-Centro de Apoio ao Deficiente Visual.
No total eram 40 participantes e ninguém sabia o que seria servido. Todos foram convidados a colocarem uma venda nos olhos após estarem sentados nas mesas. Eu estava sentada entre um casal de amigos cegos, Ju e Sandro, e na minha frente um casal que enxergava e eu não os conhecia.
                        Dona Neide, Audy, Alexandre, Lúcia
O primeiro vinho foi servido e o desafio era adivinhar de qual uva era feito. Obviamente não acertei nenhum dos vinhos, só saberia dizer o último que foi o Vinho do Porto.
A entrada era uma torrada com queijo e alguns temperos, mas só identifiquei o queijo. Havia também algo que comi e achei delicioso, tinha certeza que nunca tinha comido e sequer conseguia identificar qualquer ingrediente.
O primeiro prato foi um risoto, muito saboroso, que além do arroz, identifiquei o queijo, o brócolis e tinha um legume que ninguém sabia do que se tratava.
O prato principal foi carne ao molho madeira com cogumelos numa cama de batatas. Foi fácil perceber os sabores.
                          Helena, Débora, Sidney, Audy e Ju
Quando as vendas foram removidas, sentia uma forte dor de cabeça e tinha a sensação de que a minha audição havia diminuído. Embora a o restaurante tivesse uma iluminação intimista, o contato com a luz novamente foi marcante. Entretanto, o mais interessante foi perceber o quanto a visão nos impede de outras sensações e também o quanto o olhar limita os outros sentidos. A entrada deliciosa que degustei e tinha certeza que nunca tinha provado nada similar era eu não sabia o que era tartar de carne bovina com ovo, algo que tenho calafrios só de olhar e, provavelmente, nunca na minha vida teria experimentado se não fosse um jantar às cegas.
O legume do risoto que ninguém identificou o sabor era simplesmente cenoura.

E assim vamos quebrando tabus e nos permitindo outras experiências.          

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