sábado, 30 de abril de 2011

Canecas de Chopp em Treze Tílias

Leonardo Boesing
Leonardo Boesing é um apaixonado por canecas de chopp. Sua coleção com mais de 5.000 canecas começou há 14 anos quando ele encontrou 110 canecas jogadas no lixo de um clube da cidade. Leonardo as recolheu  e usou para decorar o seu restaurante, o Bier Haus. Não demorou muito para que a sua prima, Adiles Kandler, doasse 42 canecas que ela tinha em casa. Entusiasmado com o início da coleção, o Leonardo comprou mais 84 canecas do Sr.Valter Felder a um custo de 50 centavos cada uma. A partir daí começaram a chegar doações que vieram de donas de casa querendo se livrar das canecas dos maridos, de amigos e, principalmente, de turistas que estiveram no Bier Haus e decidiram contribuir para aumentar a coleção do Leonardo.
Leonardo e suas canecas de chopp
Existe uma variedade enorme de canecas vindas de vários países e lugares do Brasil. A maior de todas tem capacidade para 4.7 litros de chopp e a menor  dá para colocar umas duas gotas, no máximo. É delicioso andar pelo restaurante explorando suas paredes e descobrindo algumas canecas exóticas e outras eróticas. Mas o melhor de tudo mesmo é conversar com o Leonardo, dono de um carisma sem igual, que nos leva com suas narrações para um mundo muito além do chopp, são as estórias das pessoas que enviaram canecas de longe, outras que viajaram para o exterior e compraram uma caneca especialmente para a coleção dele. Há relatos sobre colecionadores famosos como Cláudio Nogueira que também doou algumas canecas para a coleção do Leonardo. 
 É isso que torna a coleção ainda mais interessante, não se trata de uma pessoa que compra ou tenta arrematar lote de canecas em leilões para  a sua coleção. É a simpatia e generosidade que o Leonardo transmite no olhar que faz com que tantas pessoas queiram contribuir de alguma forma com a coleção dele.  Ele me contou que desde que começou a colecionar nunca nenhuma caneca foi quebrada, mesmo algumas estando tão próximas do chão e das mesas do restaurante.
Restaurante e Churrascaria Bier Haus
Acredita-se que o Leonardo seja o maior colecionador de canecas de chopp do Brasil. Seu sonho é entrar para o  Guinness  Book, mas para isso acontecer ainda faltam muitas canecas...Você também pode fazer parte desta história e ajudar o Leonardo a se tornar o maior colecionador de canecas do mundo.
 Se você estiver em São Paulo, pode entregar a sua doação de canecas para mim que eu providencio o envio para Treze Tílias. 
Peço aos amigos que estão no exterior, se for possível, que tragam uma caneca ou uma canequinha para doarmos para o Leonardo.
Se você preferir enviar a sua caneca diretamente para o Leonardo, a seguir o endereço dele:    
Leonardo Boesing   
Rua Três Barras – Parque da Feira
89.650-000 Treze Tílias – Santa Catarina
Tel: (49)3537-0626  - (49)3537-0855  

Vamos fazer parte desta coleção! Conto com você!

Restaurante e Churrascaria Bier Haus


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Vacas Holandesas em Treze Tílias

A pecuária leiteira e a agricultura são as principais atividades econômicas de Treze Tílias. Não muito distante do centro da cidade, que é uma das maiores produtoras de leite do estado de Santa Catarina, vacas pastam enquanto aguardam a ordenha. Uma única vaca da raça holandesa chega a produzir 30 litros de leite por dia.

Enquanto eu fotografava estas vacas, ouvia sua respiração ofegante e também um gemido de dor de algumas delas. O úbere muito grande não deixava dúvidas que a hora da ordenha estava próxima.
Milhares de litros de leite são entregues diariamente nos postos de coleta da Tirol, um dos maiores laticínios do país. Atualmente na unidade de Treze Tílias são produzidos 700 mil litros de leite longa vida por dia. Já estive em Treze Tílias diversas vezes, e há uns 15 anos, visitei a Tirol que na época ainda tinha uma linha totalmente artesanal de produção e embalagem dos queijos. A tradição de excelência na qualidade dos produtos se mantém na produção em grande escala.
Sempre que volto para Santa Catarina, no café da manhã não pode faltar polenta “sapecada” na chapa do fogão à lenha e a nata Tirol. Uma das delícias que lembro com carinho da minha infância no Sul.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Treze Tílias - um pedacinho da Áustria em Santa Catarina

 
Chegando em Treze Tílias
 Para mim uma das cidades mais lindas de Santa Catarina é Treze Tílias. Os primeiros imigrantes da região do Tirol, chegaram 1933 e mantiveram a sua cultura. A tradição está na arquitetura alpina das casas, nos jardins floridos e bem cuidados, na comida típica servida nos restaurantes, na arte de esculpir, nos grupos de dança, nas bandas folclóricas e nos festivais que animam a cidade.
Prédio da Prefeitura de Treze Tílias
Almoçando no Restaurante Kandlerhof, que tem um maravilhoso Buffet de comida típica austríaca, tive a  felicidade de conhecer a Sra. Sofie Kandler, austríaca que chegou ao Brasil com 9 anos de idade, em 1934, num dos primeiros navios que trouxe inúmeras famílias de imigrantes fugindo da recessão que assolava a Europa.   
Sofie Kandler & Audmara Veronese
Conhecer a história de Treze Tílias contada por quem chegou na região quando não havia nada além de mato e macacos assustados é um privilégio enorme. O fundador de Treze Tílias, o então ministro da agricultura da Áustria, Andreas Thaler, veio ao Brasil três vezes procurando terras para iniciar um vilarejo. Um dos critérios por ele adotado para escolher o lugar foi saber se havia túmulos de crianças no local ou próximo. Caso a mortalidade infantil fosse elevada, a região não seria propícia para começar uma nova vida. O oeste de Santa Catarina, com relevo e temperaturas que se assemelham ao estado tirolês foi  o lugar eleito por Thaler. A Sra. Sofie me contou que em Insbruck foram colocados cartazes fazendo propaganda sobre o Brasil para que as famílias se interessassem em mudar de continente. No primeiro navio vieram 84 homens com o então ministro Andreas Thaler. Neste grupo veio também um padre católico. Nos outros navios vieram famílias inteiras  como os Kandlers, que passaram 21 dias viajando pelos mares até chegar no Porto de Rio Grande. Lá pegaram um trem numa viagem que durou 4 dias até Barra de São Bento (hoje Ibicaré), e depois mais 6 horas andando até chegar em Papuan, primeiro nome de Treze Tílias.  
Pioneiras de Treze Tílias, Sofie Kandler e Irene Baingo
A Sra. Sofie relembra que no navio vieram também quatro freiras as quais ela me mostra nas fotos de um livro escrito em alemão sobre a história dos imigrantes e a fundação de Treze Tílias. Vejo a foto do padre usando batina que era confeccionada pelo pai da Sra. Sofie, o alfaiate que fazia todas as roupas das pessoas da comunidade. Há uma foto com todos os imigrantes juntos na chegada, sorridente a  Sra. Sofia  aponta para uma menininha de chapéu branco na foto e me diz: esta sou eu.
A Sra.Irene Baingo, que também estava conosco, me conta que a mãe dela veio da Áustria grávida e ela foi a primeira criança a nascer em Treze Tilias.
A Sra. Sofie eu e a Sra.Irene
Pergunto para elas como foram alfabetizadas e elas me contam que era o Padre quem lecionada. As pessoas da comunidade haviam se reunido e construído uma casa para ele e também a Igreja. Ao lado da igreja foi construída a escola, as aulas eram em alemão e como não havia cadernos elas escreviam com uma pedra na lousa que tinha vindo da Áustria. As duas relembraram com gargalhadas quando não faziam a lição e diziam para o Padre que tudo havia sido apagado da lousa. Anos mais tarde vieram os cadernos da Áustria assim como as lapiseiras e as borrachas.
Durante a Guerra todos foram proibidos de falar alemão. A Sra. Sofie me conta que para não serem presos quando eles iam comprar alguma coisa levavam uma amostra do que queriam adquirir para mostrar no comércio. Ninguém sabia falar Português e todos tinham medo dos oficiais. Havia muitos soldados na região que vigiavam não só os austríacos, mas também os italianos e alemães que já viviam nestas terras quando os tiroleses chegaram.   
Restaurante Kandlerhof
Quero saber mais sobre o ministro Andreas Thaler e seus feitos na comunidade. Neste momento percebo uma certa tristeza na voz da Sra.Sofie que me diz que ele faleceu dois anos após ter fundado Treze Tílias. Foi uma morte trágica e heróica como toda a sua vida. Os homens da comunidade estavam construindo uma ponte e, numa noite de muita chuva  o Padre tocou o sino da Igreja por volta de meia noite para que todos acordassem e ajudassem a impedir que os alicerces da ponte fossem levados pela correnteza e troncos das árvores. O ministro Andreas Thaler foi atingido por um destes troncos na cabeça e seu corpo só foi encontrado três dias mais tarde. Sua esposa ficou viúva e teve que criar sozinha os onze filhos do casal.
A Sra. Sofie e eu com o livro de fotografias
A cada página do livro folheada pela Sra.Sofie ouço mais e mais sobre pessoas que bravamente deixaram o seu legado em Treze Tílias.  Pergunto como ela se sente olhando para aquelas fotos e me contando a sua história. Ela sorri para mim e fala: isso tudo já faz tanto tempo... Talvez eu estivesse mais emocionada do que ela com tudo o que via e ouvia. 
Chegou a hora de eu me despedir da Sra. Sofie. A minha vontade era de continuar conversando com esta austríaca querida que tanto me ensinou nas poucas horas que passamos juntas. 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Diving in Fernando de Noronha

I decided to write in English this small article so that I can share with my friends from abroad and whoever does not speak Portuguese the feeling of diving in Fernando de Noronha. The archipelago is located in the Northeast coast of Brazil, approximately 545km far from Recife, the capital of the state of Pernambuco. The Brazilian Government controls the number of visitors in the Island and a fee is charged daily in order to protect the environment. All rubbish produced in the Island, for example, is sent to the continent by boat so that the sea will not be polluted. In some beaches is not even allowed sun tanning lotions because it will damage the natural pools. 
Praia da Conceição
 In the past Charles Darwin and Jacques Cousteau visited the Island and both were fascinated by its beauty. More recently Lonely Planet Guide called Fernando de Noronha as “one of the most beautiful places on earth”.
From the top of a hill I had this view.
As a Brazilian I am very proud to say it is so true. To dive in Fernando de Noronha is a unique experience. It is the feeling of being in a big aquarium surrounded by the most impressive range of marine life. The crystal blue water of the Atlantic Ocean provides visibility up to 40 meters deepness and the temperature of the water is around 25C. As you swim towards the bottom of the sea you may meet a turtle that will not mind to be with you for a while. The breathtaking fishes come from everywhere and some are so colorful that is hard to believe it is a real fish. I also had the chance to see sharks and to swim with a ray.
Audy & Daniel Araki                Photo: Tatiana Vasconcelos

I cannot think of a word to describe how I felt in that scenery. The pictures only give an idea of how wonderful is to be at the bottom of the sea. I must say that for a moment I was so much taken by the peace and silence which was just interrupted by the sound of my breath that I thank God for the great opportunity I had to be there. Needless to say the memories of diving in Fernando de Noronha will be always in my mind.
Photos I took from the boat


domingo, 24 de abril de 2011

Trilha Aquática em Fernando de Noronha

Audy & Mauro.Me esticando eu fiz esta foto.
Conheci o Mauro Mureta no final de uma palestra no Projeto Tamar. Ele é um guia credenciado pelo IBAMA que vive na Ilha de Fernando de Noronha há quatro anos. Eu nunca tinha ouvido falar de uma Trilha Aquática, mas o Mauro me explicou que significava seguir uma linha imaginária no mar e que iríamos mergulhando da Praia do Boldró até a Praia dos Americanos. Não foi preciso nenhum esforço para ele me convencer a fazer esta trilha.
Para se chegar até a Praia do Boldró é preciso descer um caminho com muitas pedras íngremes e mabuias. A mabuia é um pequeno réptil que lembra um lagarto esquisito endêmico da Ilha. São tantas mabuias por Fernando de Noronha que é preciso prestar atenção na hora de vir embora para não trazer uma na mala sem querer. 
Audy Veronese - Foto: Mauro Mureta
Quando chegamos à praia o mar estava agitado e as ondas altas demais para mim. Dificilmente eu conseguiria atravessá-las. O Mauro me disse que para fazermos a Trilha Aquática teríamos que passar pela área de arrebentação das ondas e nadar em direção ao fundo do mar. Olhei, por alguns instantes para aquelas ondas gigantes, para as pedras da praia e estava certa de que uma daquelas ondas, em segundos, me arremessaria contra as pedras... mas a vontade de fazer a trilha era maior do que poderia ou não acontecer comigo... Percebendo o meu desconforto, o Mauro me falou que se eu segurasse firme na mão dele e nadasse ao seu lado venceríamos aquela “montanha de água”.  Acreditei e achei melhor não fazer nenhuma pergunta para não despertar uma “suposição” desnecessária. Coloquei as nadadeiras, a máscara e snorkel e lá fomos nós, às vezes nadando outras vezes sendo levados pelas ondas. Quando já havíamos nos afastado bastante da praia e o mar ficou mais calmo, pude dimensionar a distancia da nossa trilha.
Cardumes que encontramos na Trilha Aquática. Foto: Mauro Mureta
Comecei a mergulhar e a me deixar levar pela beleza do fundo do mar de Fernando de Noronha. Eu havia alugado uma maquina fotográfica subaquática para fotografar os peixinhos ou qualquer outra criatura marinha que encontrasse pelo caminho. Comecei a fotografar mas como o “time” da maquina era um pouco lento, as primeiras fotos foram um verdadeiro desastre. Então preferi ficar observando aqueles cardumes coloridos, o seu movimento de acordo com as ondas e a deliciosa sensação de se ouvir o silêncio que era quebrado apenas pela minha respiração. Entreguei a maquina para o Mauro fotografar o que ele quisesse.

Mergulhando na Trilha Aquática - Foto: Mauro Mureta
Passamos mais de duas horas mergulhando sem mesmo se importar  com a chuva forte que caía. O céu ficou escuro, mas o fundo do mar continuava azul claro, lindo e sereno como se a tempestade fora d’água não existisse. Nadando com milhares de peixinhos coloridos, envolvida pelo silêncio e pela paz do fundo do mar agradeci a Deus pela maravilhosa oportunidade de estar ali, de poder contemplar tamanha beleza.            

Guia em Fernando de Noronha que eu recomendo:
Mauro Mureta – email: mureta9@hotmail.com  
Tel: (81)9940-9319 – (81) 3619-0410


Ponto de partida da nossa Trilha Aquática - Foto: Mauro Mureta

Mergulhando nas águas claras de Fernando de Noronha

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mergulhando em Fernando de Noronha

  
“ Viajar é trocar a roupa da Alma”
Mário Quintana uma vez assim escreveu.  
Eu diria que conhecer o arquipélago de Fernando de Noronha é mais do que uma troca de roupa da alma, é tatuar na alma  a beleza de suas águas claras que lá longe no horizonte se confundem com o azul do céu. É o colorido dos peixinhos que bailam suavemente saudando quem se aventura a mergulhar nas profundezas do oceano e desvendar os seus mistérios. É a certeza de um espetáculo da natureza que nenhum texto ou foto consegue dimensionar o que é mergulhar no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Audmara Veronese & Daniel Araki  Foto: Tatiana Vasconcelos
Meu primeiro mergulho com cilindro, ou seja, o “Batismo” foi no dia 12 de abril de 2011 e foi organizado pela operadora Altantis Divers. Uma embarcação nos levou até a Ilha do Meio, ponto no qual eu mergulharia. O meu instrutor, Daniel Araki, atencioso e experiente me explicou algumas normas de segurança e sinais que usaríamos para nos comunicar durante o mergulho. Com a ajuda do marinheiro vesti a roupa, coloquei todo o equipamento e pulei do barco. Já na água o Daniel me esperava para repassar alguns procedimentos, verificar se eu já estava  familiarizada com a máscara e me ensinou a equalizar os ouvidos. Em poucos minutos já estava pronta para afundar e começar a conhecer o fundo do mar. Nos primeiros metros da descida os meus ouvidos doíam muito por causa da pressão da água, mas mantive a calma e repeti os movimentos que o Daniel havia me ensinado. Consegui equalizar os ouvidos e seguimos descendo até chegarmos a uma profundidade de 14 metros.
Eu e o Daniel Araki - Foto: Tatiana Vasconcelos
Além dos muitos peixes coloridos que passavam por nós, logo no início encontramos uma tartaruga, nadamos juntos por alguns minutos. Eu me sentia dentro de um aquário, deslizando pelas águas límpidas e quentes de Noronha.A cada instante uma nova surpresa  vinha na forma de cardumes amarelo-ouro, de peixinhos azuis, cor-de-rosa, pretos e das combinações de cores mais variadas possível. Tinha também peixes grandes e talvez por causa da sua imponência nadassem solitários.
De repente avistamos o mais temido dos mares, era um filhote de tubarão perto uma grande pedra. Diz o conhecimento popular que os tubarões de Fernando de Noronha são tão bem alimentados que ignoram os intrusos, neste caso, eu e o Daniel. Assim que o avistei tratei de mudar a direção do meu nado, mas como era o Daniel quem me conduzia todas as minhas tentativas de me afastar do tubarão foram inúteis 
Audy & Daniel Araki - Foto: Tatiana Vasconcelos

O nosso próximo encontro foi com uma arraia que permitiu que a acompanhássemos no seu nado desajeitado raspando o fundo do mar. Eu estava maravilhada com tudo o que via, era como se a minha existência se resumisse naquele momento de extrema beleza e paz.
O tempo correu cruelmente e o Daniel sinalizou que já estava na hora da subida, não tínhamos mais muito oxigênio disponível nos nossos cilindros. Olhei para cima e vi uma imensidão de água azul que teria que atravessar para chegar até o barco. Nem percebi a subida, as imagens do fundo do mar tinham me envolvido de tal forma que eu não queria sair dali.
De volta ao barco, em estado de êxtase, com o olhar distante e o pensamento no fundo do mar me deixe levar até o Porto.
À noite sonhei com tudo o que tinha visto e nos dias que se seguiram mergulhei muitas outras vezes.   
  

Loja de Chá em Pequim

Quando estive em Pequim pela primeira vez, em 2010, estava andando pela Rua Qianmen  que fica próxima a um dos portões de entrada da Praça da Paz Celestial encontrei uma loja de Chá ainda mais linda do que todas as outras que eu já tinha visto em Xangai e também em Pequim. Era a Beijing Ju Xian Ming Limited Tea Co.
Para a minha alegria uma das vendedoras falava inglês e conversamos bastante, ela me ofereceu vários tipos de chás para degustar, comprei uma infinidade de chás de flores, me maravilhei com aqueles aromas e sabores até então desconhecidos por mim.
O "chá" que se transforma em flor
O mais interessante são umas “bolinhas” de chá que eles vendem e assim que entram em contato com a água quente aos poucos vão se abrindo e uma flor desabrocha no final. Há uma grande variedade de flores e os preços aumentam conforme a complexidade de cada uma e beleza. Para se ter uma idéia de valores, algumas gramas de um bom chá chinês atinge facilmente o mesmo preço de uma garrafa de vinho da melhor safra da França, por exemplo.  
Chá de Flores
Assim que entrei na loja, mais uma vez, não contive o meu fascínio por aqueles chás e comecei a elogiá-los. Para a minha surpresa, uma vendedora toda sorridente me olhou e disse: “ You are from Brazil, I remember you from last year”.  Ser lembrada por uma vendedora em uma das ruas comerciais mais movimentadas de Pequim, um ano após a minha primeira visita,  realmente é uma honra.
Liu Qi, a vendedora que lembrou de mim.

Contei para ela sobre as várias reuniões com amigos que promovi na minha casa para tomarmos o “chá da flor que desabrocha”, comprei outros chás e prometi a Liu Qi enviar fotos dos próximos encontros para tomar os chás que comprei  que vou organizar. 





O Templo do Céu (Temple of Heaven)

Procurei me posicionar da melhor forma para fazer esta foto. Não sei quanto tempo fiquei parada contemplando o Templo do Céu, até que em uma fração de segundos consegui a foto “tipo” cartão postal que se vende em Pequim. Quem gosta de fotografia entende a imensa satisfação que é clicar no momento exato e fazer uma foto "perfeita" num lugar onde há muitas pessoas.  
Ao sul de Pequim fica o Templo do Céu, um complexo de templos Taoístas que era utilizado na primavera para se orar e pedir boas colheitas e no outono para agradecer tudo o que havia sido colhido.
O que mais chama a atenção nesta construção é que é um templo circular, erguido sobre três terraços, com 28 pilares de madeira que suporta uma estrutura a 38 metros de altura sem nenhuma viga de sustentação. O Templo foi construído em 1420 durante a Dinastia Ming.
Estive lá num final de tarde, fazia um frio intenso e mesmo assim havia muitas pessoas visitando o templo. No parque Tiantan Gongyuan no qual fica o Templo do Céu, centenas de chineses jogavam dominó enquanto outros tomavam chá e conversavam alegremente.



Fui me aproximando do grupo que me recebeu com um largo sorriso no rosto. Lamentei o meu precário conhecimento do mandarim que me impediu de perguntar a eles o que cantavam e porque cantavam. Então fiquei imaginando que talvez estivessem ali  para celebrar a vida, a amizade deles ou simplesmente para agradecer aquele dia tão lindo de céu  azul.   





Andando pelos arredores do Templo comecei a ouvir uma música linda que lembrava um mantra budista ou uma oração. Embalada pelos acordes saí procurando de onde vinha aquela cantoria tão celestial num lugar com tanta paz. Ao longe avistei um grupo de chineses já com a idade avançada que cantavam e tocavam os seus intrumentos, alguns sentados, outros em pé.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Grilo na Gaiola

Tomei conhecimento sobre o Mercado do Grilo lendo o livro da Sônia Bridi : Laowai - Histórias de uma repórter brasileira na China. Um livro inteligente e delicioso de se ler.  A Sônia Bridi, minha conterrânea, estudou no mesmo colégio que eu em Caçador, Santa Catarina. Ela já era jornalista na RBS-TV quando eu estudava no colegial. Desde aquela época eu já a admirava muito como profissional. Normalmente quando eu ia emprestar um livro na biblioteca da colégio sempre procurava saber nas fichinhas dos livros se a Sônia já tinha lido aquele livro. Como eu li o Laowai antes de ir para a China e tinha achado particularmente interessante a descrição da Sônia sobre o Mercado do Grilo, resolvi procurá-lo quando cheguei em Pequim. 

Gaiolas e Porta-Grilos
A maioria das pessoas para as quais perguntei a respeito me diziam que não conheciam ou não demostravam muito interesse em me ajudar. No Hotel, tomando café com a Jamie, uma americana de Chicago que mora em Tóquio e também estava viajando sozinha, comentei sobre o Mercado do Grilo. Ela também nunca tinha ouvido falar do tal mercado, mas se interessou em conhecer quando falei sobre o que havia lido no livro da Sônia Bridi. Falei que assim que terminasse de tomar café iria sair para tentar encontrar os grilos. A Jamie se ofereceu para ir comigo. Um casal de franceses da mesa ao lado que ouviram atentos a nossa entusiasmada conversa sobre grilos, disseram que gostariam de ir conosco. A Florence já havia lido no guia dela informações sobre o Mercado do Grilo eo Christopher, que estava viajando com ela também gostou da idéia. Eles eram cunhados e estavam viajando juntos. O marido da Florence que mora em Paris não gosta muito de viajar e a esposa do Christopher, irmã da Florence, que mora em Mônaco, também prefere ficar em casa. Então eles decidiram viajar juntos para a China. Era um casal simpático com mais de 60 anos.
Tomamos um táxi até o Mercado do Grilo. Chegando lá, vimos poucos animais à venda, alguns aquários e nada de grilo. Provavelmente os grilos deviam ficar em algum lugar mais escondido e só chega até eles quem está liberado para participar deste seleto mercado.   
Peguei o meu pedacinho de papel no qual estava escrito em chinês a palavra “Grilo”, e comecei a mostrar para as pessoas. Como muitos não sabiam ler, quando eu mostrava o papel só sorriam ou apontavam para qualquer direção como se quisessem se livrar de mim. Então a Jamie resolveu desenhar um grilo que mais parecia uma mosca, e lá fomos nós pedir informações para as pessoas do mercado: uma munida da palavra escrita e a outra do desenho do grilo. O Christopher e a Florence só nos seguiam se divertindo muito com a situação. Subimos e descemos escadinhas, andamos por corredores estreitos e, finalmente, começamos a ouvir o canto dos grilos. Ouvíamos os grilos, mas não os encontrávamos no meio daquela confusão toda.  De repente a Florence grita toda contente que havia achado uma loja que vendia grilos. Foi uma festa!

Além de uma grande variedade de grilos nas gaiolas, tinha larvas de grilo para vender, vários tipos de gaiolinhas e o mais fenomenal: porta-grilo. É uma espécie de caixa para se levar o grilo no bolso. Na parte superior tem uns furinhos para que ele possa respirar e o dono ouvir o seu canto. Não resistimos ao charme dos produtos e, eu e a Jamie, compramos uma gaiolinha e um porta-grilo cada.
A dona da loja, boa comerciante, queria nos vender um grilo a todo custo. Tentávamos em vão explicar para ela que iríamos tomar um avião de volta para os nossos países, e, portanto, não poderíamos levar grilos conosco. Não tinha jeito, ela insistia. Foi aí que presenciei uma cena cômica: a americana tentando falar em japonês para a  chinesa que não iríamos comprar grilos. Como a conversa não chegava a nenhum lugar, resolvi usar todo o meu conhecimento de mímica. Abri os braços e imitei um avião fazendo um sonoro “vummmmmm” depois apontei para o grilo e fiz sinal que não... deu certo! Nem precisa dizer que neste momento já tinha uns 15 chineses em volta de nós tentando decifrar o enigma.
Na China a mímica funciona que é uma beleza!  
A Jamie, uma americana tentando falar em Japonês com a Chinesa
"Baby-Grilos" à venda

Dona da loja e o seu porta-grilo no bolso.