quinta-feira, 7 de abril de 2011

Grilo na Gaiola

Tomei conhecimento sobre o Mercado do Grilo lendo o livro da Sônia Bridi : Laowai - Histórias de uma repórter brasileira na China. Um livro inteligente e delicioso de se ler.  A Sônia Bridi, minha conterrânea, estudou no mesmo colégio que eu em Caçador, Santa Catarina. Ela já era jornalista na RBS-TV quando eu estudava no colegial. Desde aquela época eu já a admirava muito como profissional. Normalmente quando eu ia emprestar um livro na biblioteca da colégio sempre procurava saber nas fichinhas dos livros se a Sônia já tinha lido aquele livro. Como eu li o Laowai antes de ir para a China e tinha achado particularmente interessante a descrição da Sônia sobre o Mercado do Grilo, resolvi procurá-lo quando cheguei em Pequim. 

Gaiolas e Porta-Grilos
A maioria das pessoas para as quais perguntei a respeito me diziam que não conheciam ou não demostravam muito interesse em me ajudar. No Hotel, tomando café com a Jamie, uma americana de Chicago que mora em Tóquio e também estava viajando sozinha, comentei sobre o Mercado do Grilo. Ela também nunca tinha ouvido falar do tal mercado, mas se interessou em conhecer quando falei sobre o que havia lido no livro da Sônia Bridi. Falei que assim que terminasse de tomar café iria sair para tentar encontrar os grilos. A Jamie se ofereceu para ir comigo. Um casal de franceses da mesa ao lado que ouviram atentos a nossa entusiasmada conversa sobre grilos, disseram que gostariam de ir conosco. A Florence já havia lido no guia dela informações sobre o Mercado do Grilo eo Christopher, que estava viajando com ela também gostou da idéia. Eles eram cunhados e estavam viajando juntos. O marido da Florence que mora em Paris não gosta muito de viajar e a esposa do Christopher, irmã da Florence, que mora em Mônaco, também prefere ficar em casa. Então eles decidiram viajar juntos para a China. Era um casal simpático com mais de 60 anos.
Tomamos um táxi até o Mercado do Grilo. Chegando lá, vimos poucos animais à venda, alguns aquários e nada de grilo. Provavelmente os grilos deviam ficar em algum lugar mais escondido e só chega até eles quem está liberado para participar deste seleto mercado.   
Peguei o meu pedacinho de papel no qual estava escrito em chinês a palavra “Grilo”, e comecei a mostrar para as pessoas. Como muitos não sabiam ler, quando eu mostrava o papel só sorriam ou apontavam para qualquer direção como se quisessem se livrar de mim. Então a Jamie resolveu desenhar um grilo que mais parecia uma mosca, e lá fomos nós pedir informações para as pessoas do mercado: uma munida da palavra escrita e a outra do desenho do grilo. O Christopher e a Florence só nos seguiam se divertindo muito com a situação. Subimos e descemos escadinhas, andamos por corredores estreitos e, finalmente, começamos a ouvir o canto dos grilos. Ouvíamos os grilos, mas não os encontrávamos no meio daquela confusão toda.  De repente a Florence grita toda contente que havia achado uma loja que vendia grilos. Foi uma festa!

Além de uma grande variedade de grilos nas gaiolas, tinha larvas de grilo para vender, vários tipos de gaiolinhas e o mais fenomenal: porta-grilo. É uma espécie de caixa para se levar o grilo no bolso. Na parte superior tem uns furinhos para que ele possa respirar e o dono ouvir o seu canto. Não resistimos ao charme dos produtos e, eu e a Jamie, compramos uma gaiolinha e um porta-grilo cada.
A dona da loja, boa comerciante, queria nos vender um grilo a todo custo. Tentávamos em vão explicar para ela que iríamos tomar um avião de volta para os nossos países, e, portanto, não poderíamos levar grilos conosco. Não tinha jeito, ela insistia. Foi aí que presenciei uma cena cômica: a americana tentando falar em japonês para a  chinesa que não iríamos comprar grilos. Como a conversa não chegava a nenhum lugar, resolvi usar todo o meu conhecimento de mímica. Abri os braços e imitei um avião fazendo um sonoro “vummmmmm” depois apontei para o grilo e fiz sinal que não... deu certo! Nem precisa dizer que neste momento já tinha uns 15 chineses em volta de nós tentando decifrar o enigma.
Na China a mímica funciona que é uma beleza!  
A Jamie, uma americana tentando falar em Japonês com a Chinesa
"Baby-Grilos" à venda

Dona da loja e o seu porta-grilo no bolso.
       

Um comentário:

  1. HAHAHAHAHA ri muito com essa história!!!
    deve ter sido fantástico...
    e incrível esse mercado, pretendo conhecê-lo um dia.. hahah
    beeijos querida!!

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