terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Zoológico de Xangai (Shanghai’s Zoo)

Eu e os Lêmures simpáticos
 Visitei o Zoológico de Xangai na primeira vez que estive na China, durante a Expo Xangai 2010.

A cidade de Xangai passou 10 anos se preparando para receber a Expo Universal. Foram mais de 70 milhões de pessoas do mundo todo que visitaram a Exposição durante os seis meses que os pavilhões estiveram abertos ao público.

Durante a Expo havia muitos centros de informações turísticas espalhados pela cidade, e sempre era possível encontrar pelo menos um estudante que falasse  inglês para dar informações.


Eu tinha visto no mapa que o Zoológico ficava distante da cidade, mas mesmo assim eu queria visitá-lo, principalmente, porque era uma oportunidade para eu ver pela primeira vez os ursos pandas que eu tanto adoro.
Fui até um guichê de informações e me orientaram a tomar o metro, linha 2 até a estação Zhangjiang Hi-Tech Park e de lá pegar um ônibus para o Zoológico. É claro que me pareceu tudo muito fácil, mas quando se está viajando sozinha pela China sem saber falar Mandarim, até o simples ato de tomar um ônibus pode facilmente se tornar uma aventura.

Logo na saída da estação do metro havia um terminal de ônibus. Pedi ajuda para uma estudante me mostrou o ônibus que eu deveria tomar para ir até o Zoo e também avisou para o cobrador que eu iria descer no Zoológico. Eu era a única ocidental dentro daquele ônibus e, conseqüentemente, o centro das atenções. É uma sensação estranha ser “o diferente”, não falar a língua e apenas observar calada os olhares curiosos e os sorrisos desajeitados dos outros passageiros. Era um ônibus de linha comum que ia para o subúrbio de Xangai, e como era um dia de semana qualquer, não havia turistas, apenas as pessoas que seguiam as suas rotinas diárias.
 Quando nos aproximamos do portão de entrada do Zoológico não foi apenas o cobrador que me avisou que eu deveria descer, outros passageiros entusiasmados falavam comigo e apontavam para o Zoo.  Agradeci sorrindo e repetindo inúmeras vezes “Che-Che” que significa muito obrigada em mandarim.
A área do Zoo é de 153 hectares e abriga mais de 6.000 animais do mundo todo. Muitos animais selvagens vivem soltos, e para visitá-los é preciso tomar um ônibus do Zoo que faz um percurso de aproximadamente 30 minutos. Resolvi fazer este passeio primeiro e reservar o resto do dia para andar pelo Zoo e procurar os animais que eu não conhecia.
De dentro do ônibus a vista não era das melhores e as fotos a seguir foram feitas nestas condições. Infelizmente não consegui fotografar o tigre branco. 

Andando pelo Zoo fui fazendo as minhas descobertas e me encantando com o que encontrava pelo caminho. Fotografei muito e também fui fotografada. Houve momentos que a competição com os animais foi até injusta porque as pessoas me fotografavam mais do que os bichinhos. Enfim, naquele momento eu era um “bicho turista” que escapou de uma jaula de algum lugar do mundo e andava livremente pelos jardins...

O meu encontro com as Lêmures foi particularmente interessante. Eu não os conhecia e a sua beleza no olhar e nos movimentos me conquistaram.
Andei tanto pelo Zoo que só me dei conta que já estava na hora de ir embora quando percebi o desespero de um guarda fazendo sinal que o Zoo ia fechar. Quando cheguei ao portão de saída o posto de informação turística havia fechado, não tinha nenhum taxi e ninguém que falasse inglês.

Fui andando até o ponto de ônibus que ficava numa grande rodovia. Havia vários chineses lá e perguntei se alguém poderia me ajudar. Ninguém falava inglês. Eu tinha que achar um jeito de ir embora dali porque não poderia considerar a hipótese de pernoitar no Zoológico com os pandas, lêmures, tigres brancos e afins.
 Então, assim que o primeiro ônibus se aproximou eu fiz sinal para o motorista parar. Entrei no ônibus com o mapa do metro na mão e mostrei para o motorista que me olhou petrificado. Ele não entendia nada do que eu estava falando e nem sequer a minha mímica melhorava a situação. Todos os passageiros, em silêncio sepulcral, me olhavam com os olhos arregalados. Então resolvi falar bem alto, para que todas as pessoas escutassem o que eu estava perguntando. Silêncio total.  O ônibus parado e eu pateticamente tentando saber para onde eles estavam indo.
Não podia correr o risco de ir parar em outra cidade à noite. Perguntei de novo se o ônibus passava em alguma estação de metro. Nenhuma resposta. Então, levantei os braços e apontando para o mapa do metro quase que num ato de desespero, perguntei outra vez se o ônibus passava em alguma estação de metro. Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, o motorista parado e eu causando aquela confusão toda. Estava instaurada a perfeita imagem do caos até que uma mulher muito jovem, com uma criança no colo, se aproximou de mim, olhou para o mapa e disse: “Yes, metro”. Que alívio!

 Um moço, muito tímido, me ofereceu o lugar dele para eu sentar e me disse que iria demorar pelo menos umas duas horas para chegarmos à estação do metro.  Nem me importei. Só fiquei pensando o porquê de ele não ter se manifestado antes se ele tinha entendido a minha pergunta. Enfim, talvez ele tivesse ficado com vergonha de falar em inglês na frente de tantos desconhecidos ou estivesse se divertido com o meu espetáculo que para mim naquele momento não tinha a menor graça, era uma questão de sobrevivência.
O ônibus deu muitas voltas e tive a oportunidade de conhecer o subúrbio pobre de Xangai e outras facetas da cidade.
 

3 comentários:

  1. Relato um tanto tenso! isso me fez lembrar uma amiga que esteve na Alemanha sem saber falar inglês e alemão hehe, Lindas fotos!

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  2. Estou pensando em viajar p/ China esse ano com alguns amigos, sem pacote de viagem. Vc tem algum roteiro das melhores coisas p/ se fazer lá?

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    1. Olá,

      Sugiro que você defina primeiramente o que pretende visitar na China para depois montar o seu roteiro. Eu adoro os jardins, Templos, Museus e tinha uma curiosidade imensa para andar na Muralha da China. Então organizei a minha viagem em função do que eu queria conhecer. Participei de algumas degustações de chá que achei super interessante,por exemplo. Porém, "as melhores coisas para se fazer" em qualquer país depende muito do que você aprecia. Uma ótima viagem para vocês! Abraços,
      Audy

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