quinta-feira, 30 de maio de 2019

Lembranças de Infância


Áudiodescrição da foto: #Pracegover#PraTodosVerem Foto meio corpo, Jair e Audy abraçados e sorrindo. Ele tem a pele clara, cabelos castanhos e veste camisa azul claro. Audy é loira, cabelos encaracolados na altura dos ombros, usa camiseta rosa claro com listras largas vermelhas escrito em branco "Trust the vibes you get" Dia ensolarado, ao fundo algumas árvores.

Reencontro após 41 anos! Quando tínhamos 6 anos, eu e o Jair Cousseau estudávamos na escola do Km 30, zona rural, nas proximidades de Caçador – Santa Catarina. 
Estudamos dois anos juntos e só nos separamos porque eu fui morar na cidade de Caçador. 

Na nossa escola havia uma única sala de aula, a professora dava aula para a primeira, segunda, terceira e quarta série ao mesmo tempo! O “quadro negro” era dividido em quatro partes, cada “turma” sentava em frente a sua porção de quadro. A professora explicava a matéria, passava exercícios para os alunos fazerem e em seguida fazia a mesmo procedimento com a outra turma. Então todos tinham aulas de todas as séries e matérias ao mesmo tempo! Eu lembro que adorava ouvir as outras aulas embora pouco entendesse...

Eu e o Jair algumas vezes dividíamos a mesma carteira. Era uma mesinha de madeira com um banco acoplado, nossas pernas ficavam suspensas e balançando o tempo todo. No fundo da sala tinha uma carteira com um apontador, uma espécie de "máquina de moer carne". Era só colocar o lápis em um buraquinho e girar uma manivela. Que delícia! Quebrávamos as pontas dos lápis, de propósito, só par ir apontar e pegar aquela casquinha de madeira em forma de leque para guardar. Nossas mãos, embora pequenas, eram desajeitadas demais, e quebrávamos a casquinha antes mesmo de chegar de volta a carteira. 

A professora era a Catarina, que nunca sorria, e adorava desfilar sua rispidez... Desde cedo aprendíamos a importância de se zelar pelo espaço compartilhado. Nós todos tínhamos um par de chinelos para usar dentro da sala de aula. O chão era de madeira e muito lustro, então não podíamos sujar... quando chegávamos, tirávamos nossos calçados e deixávamos na área, em frente a sala, ninguém ousava entrar com sapatos.

Mas as lembranças mais doces que eu tenho são da hora do recreio. Tínhamos merenda na escola, eu não comia nada, só tomava o chocolate quente que vinha fervilhando numa caneca de vidro branca. Fazíamos uma fila para pegar o chocolate que era feito dentro de uma panela gigante e colocado na caneca com uma concha! A Orminda Brutolinpreparava o melhor chocolate quente que já tomei na minha vida! Mesmo queimando a garganta, tomávamos com muita pressa, para poder ir brincar no “currupio”, girar sem parar e, muitas vezes, vomitar o chocolate. Outras vezes girávamos segurando a caneca, e é claro, derrubávamos tudo. 

Quando a professora tocava a sineta para voltarmos para a classe, eu ia correndo devolver a caneca para a Orminda... e ela sempre me dava mais um pouquinho! Era mágico aquele momento! Ainda sinto o gosto adocicado do chocolate que ficava nos lábios, misturado com algumas gotas de suor.... 

Neste encontro com o Jair relembramos tantos dias felizes daqueles dois anos que estudamos juntos. E aí descobri a origem francesa dele! Ninguém nunca soube pronunciar direito o sobrenome do Jair, falam “Escurciasal” para Cousseau! O Jair continua morando no mesmo sítio em que nasceu, com sua esposa e filhos. 

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